O Supremo Tribunal de Justiça do Brasil levantou o banimento do X (antigo Twitter), permitindo que a plataforma, de propriedade de Elon Musk, retome suas operações no país a partir de 8 de outubro. Essa decisão ocorreu após o X concordar em cumprir as ordens do tribunal, incluindo o pagamento de multas e a nomeação de um representante local, conforme exigido pela legislação brasileira. Esse movimento marcou o fim de um impasse que durou meses entre Musk e o juiz brasileiro Alexandre de Moraes.
O juiz de Moraes autorizou o retorno imediato do X após a empresa pagar multas no total de 28 milhões de reais (aproximadamente 5,1 milhões de dólares). Além disso, o X comprometeu-se a nomear um representante local, que era um ponto crucial no conflito em andamento. A Anatel, a agência reguladora de telecomunicações do Brasil, foi instruída a garantir que os serviços do X fossem restaurados em até 24 horas. A plataforma possui mais de 20 milhões de usuários no Brasil, tornando-se o quinto maior mercado da empresa globalmente, depois do Japão, Índia, Indonésia e Reino Unido.
O Conflito de Musk com o Judiciário
O banimento inicial do X foi ordenado em 30 de agosto, após a plataforma não atender a um prazo de 24 horas para nomear um representante no Brasil. Isso seguiu-se a alegações de que o X não havia cumprido ordens anteriores do tribunal para bloquear certas contas acusadas de disseminar desinformação. As tensões entre Musk e o juiz de Moraes escalaram quando Musk criticou publicamente o juiz, chamando-o de “ditador do Brasil” e defendendo seu impeachment.
Em abril de 2023, a equipe de Assuntos Governamentais Globais de Musk expressou preocupações sobre serem forçados a bloquear contas populares no Brasil sem uma justificativa clara. Musk afirmou que essa censura violava os direitos à livre expressão, um princípio que ele promove consistentemente. No entanto, apesar de sua postura como um “absolutista da liberdade de expressão”, o X cumpriu ordens semelhantes de governos em outros países, incluindo a Índia.
O Papel de de Moraes e a Controvérsia
O juiz Alexandre de Moraes, que supervisionou casos de alto perfil no Brasil, incluindo investigações sobre o ex-presidente Jair Bolsonaro, é uma figura polarizadora. Ele ordenou que o X bloqueasse contas ligadas à disseminação de desinformação, que ele vê como uma ameaça crítica à democracia brasileira. Após a não conformidade do X, de Moraes multou a plataforma e congelou os ativos do serviço de internet via satélite Starlink de Musk.
De Moraes não é estranho à controvérsia. Em 2022, ele ordenou um banimento temporário do aplicativo de mensagens Telegram por não cooperar com investigações, embora o banimento tenha sido posteriormente levantado. Suas decisões, especialmente em relação às plataformas de tecnologia, geraram debates sobre o equilíbrio entre regulamentação e liberdade de expressão, com muitos nos círculos políticos de direita do Brasil acusando-o de viés.
O Desafio de Musk e a Batalha Maior
Musk desafiou abertamente algumas das decisões de de Moraes, recusando-se a bloquear o acesso ao X via Starlink e desafiando a autoridade do sistema judicial brasileiro. O conflito entre governos e gigantes da tecnologia sobre a regulamentação de conteúdo se tornou um problema global, com o Brasil agora no centro do debate. O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva apoiou de Moraes, enfatizando a necessidade de fazer cumprir as decisões judiciais e preservar o estado de direito, mesmo quando bilionários estão envolvidos.